segunda-feira, novembro 09, 2009

Efeitos colaterais em escleroterapia com espuma da Safena Magna e Parva

A escleroterapia das veias safenas é um procedimento que precisa ser bem avaliado por aqueles especialistas que se dispoem a aplicá-lo em seus pacientes. A técnica de esleroterapia com espuma já se revelou uma ótima solução para o tratamento das varizes e das microvarizes. Não é uma técnica nova como parecem mostrar algumas páginas da internet e principalmente alguns programas de televisão. Entretanto, a sua aplicação nas veias safenas vem apresentando uma série de efeitos colaterais que precisam ser seriamente levados em consideração.

Na medida do possível disponibilizarei neste blog publicações concernentes ao tema.
Abaixo um resumo de um controle prospectivo multicêntrico publicado em 01 de junho de 2009 na revista PHLEBOLOGY, envolvendo 1025 pacientes de 20 clínicas de flebologia na França.
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Side-effects and complications of foam sclerotherapy of the great and small saphenous veins: a controlled multicentre prospective study including 1025 patients
J-L Gillet * , J M Guedes , J-J Guex , C Hamel-Desnos , M Schadeck **, M Lauseker and F A Allaert
* 51 bis Avenue Professeur Tixier, 38300 Bourgoin-Jallieu, France; 31 rue Amiral Gourbeyre, 63200 Riom, France; 32 boulevard Dubouchage, 06000 Nice, France; 18 rue des Rocquemonts, 14050 Caen, France; ** 5 rue Michel Charles, 75012 Paris, France; 7 B rue de l’Hopital, 67600 Selestat, France; Chaire d’Evaluation Médicale Ceren ESC & Cenbiotech/dim CHU du Bocage, 21000 Dijon, France

Correspondence: J-L Gillet MD, Vascular Medicine – Phlebology, 51 bis Avenue Professeur Tixier, 38300 Bourgoin-Jallieu, France. Email: gilletjeanluc@aol.com

Objectives: Increasing interest in foam sclerotherapy (FS) for saphenous insufficiency has highlighted the need to study the side-effects and complications of this treatment. The aim of this study is to better assess their nature and incidence.

Methods: A multicentre, prospective and controlled study was carried out in which patients treated with FS for great (GSV) and small saphenous veins (SSV) trunk incompetence were included. Immediate untoward events were reported. Duplex ultrasound (DUS) examination was carried out to assess all patients between the eighth and 30th day. In addition, 20% of patients were called by an external auditor.

Results: In total, 818 GSV and 207 SSV were treated in 1025 patients in 20 phlebology clinics. Ninety-nine percent of patients were controlled with DUS and non-duplex-checked patients were all called. The saphenous trunk was occluded in 90.3% of patients. Twenty-seven (2.6%) side-effects were reported: migraine (n = 8, 4 with visual disturbance); visual disturbance alone (n = 7); chest pressure alone (n = 7); and chest pressure associated with visual disturbance (n = 5). Eleven thrombo-embolic events occurred: 10 deep vein thrombosis (DVT) but only five in symptomatic patients, and one pulmonary embolism that occurred 19 days following the FS without DVT identified by DUS. One transient ischaemic stroke, with complete clinical recovery in 30 minutes, and one septicaemia with satisfactory outcome were reported as well.

Conclusion: This study demonstrates in a large sample of patients a low rate of adverse reactions after FS of great and small saphenous trunks. However, but the eventuality of exceptional but more serious complications has to be taken into account in the management of patients. A multicentre study like this one takes into account different practices and reports all possible complications, thus demonstrating the need for a common validated protocol.

domingo, julho 12, 2009

CIRURGIA VASCULAR - IV CONGRESSO MÉDICO DA UNIMED

O IV Congresso Médico da Unimed Rio foi contemplado com uma grade dedicada a relevantes questões de Angiologia e Cirurgia Vascular. A participação dos especialistas foi significativa e quem esteve presente pode se inteirar da experiência acumulada por vários colegas no tocante à temática apresentada.
Alguns temas, tais como a profilaxia das complicações vasculares e neurológicas que levam à amputação em pacientes diábeticos, sinalizam muito positivamente a preocupação, até então perseguida apenas pelos serviços de saúde pública, com o atendimento preventivo. A UNIMED está mudando o paradigma da saúde suplementar que até então era focado exclusivamente nos procedimentos terapêuticos e relegava à prevenção um espaço insignificante.
Transcrevo abaixo a grade do que foi apresentado e discutido neste módulo que foi organizado pela regional da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular.


08:30 - Carótidas e Troncos Supra-Aórticos

Presidente: Antônio Luiz de Medina
Moderador: Carlos José de Brito
Secretária: Vivian Marino

Indicações Atuais da Intervenção Carotídea

08:35 – Bernardo Liberato
08:45 – Arno Von Ristow
08:55 – Ping-Pong com Moderador

Tratamento Endovascular das Estenoses das Artérias Subclávias e Vertebrais: Quando Fazê-lo?

09:15 – Palestrante: Adalberto Pereira de Araújo
09:25 – Debatedor:
Mauricio Ricardo Nobre Machado Zaniolo

Justificativa de Screening de Carótidas na População com DAOP

09:30 – Palestrante:
Carlos Eduardo Virgini

09:40 – Debatedor: Marcos Areas Marques

Porque os cardiologistas intervencionistas não devem realizar angioplastias dos troncos supra-aórticos e como detê-los?

09:45 – Palestrante: José Luis Nascimento Silva

09:55 – Debatedor: Roberto Young Junior

10:00 - Discussão

10:45 – Pé Diabético

Presidente: Paulo Roberto Mattos da Silveira
Moderador: Rossi Murilo
Secretário: Pedro Jasbik

Antibioticoterapia atual no pé diabético. Como iniciá-la e mantê-la

10:50 – Palestrante: Celso Ferreira Ramos Filho

11:00 – Debatedor: Raimundo Senra Barros

O projeto do pólo do pé diabético se mostrou uma ferramenta eficaz para reduzir a legião de amputados?

11:05 – Palestrante: Cláudia Ramos Marques da Rocha

11:15 – Debatedor: José Amorim de Andrade

A adoção de um programa específico de profilaxia do pé diabético pela medicina suplementar pode promover uma efetiva redução de custos?

11:20 – Palestrante: Paulo Marcio Canongia

11:30 – Debatedora: Valéria Carvalho Rocha Azevedo – UNIMED

Diretrizes atuais da SBACV sobre pé diabético

11:35 – Palestrante: Jackson Silveira Caiafa

11:45 – Debatedor: Cristiane Ferreira Araújo

Problemas cruciais para a profilaxia do pé diabético na visão do endocrinologista. O custo dos medicamentos é um fator de inviabilização?

11:50 – Palestrante: Ivan Ferraz

12:00 – Debatedora: Roberta Azevedo Coelho

12:05 – Discussão

14:30 – Doença Venosa Crônica

Presidente: Eimar Delly de Araújo
Moderador: Ivanésio Merlo
Secretário: Bruno Barone

Técnicas atuais da ablação das veias safenas: Termo-ablação x Flebo-extração

14:35 – Palestrante Termo – ablação:
Luiz Alexandre Essinger

14:45 – Palestrante Flebo-extração:
Sergio Silveira Leal de Meirelles

14:55 – Ping-Pong com o moderador

Uso atual e perspectivas das heparinas orais

15:10 – Palestrante: Márcia Maria Ribeiro Alves
15:20 – Debatedora: Carolina Leite

TVP íleo-femoral. A abordagem invasiva é justificável

15:25 – Palestrante: Carlos Clementino dos Santos Peixoto
15:35 – Debatedora: Cristina Riguetti Pinto

Embolectomia Pulmonar Percutânea

15:40 – Palestrante: Marcelo Ferreira
15:50 – Debatedor: Rubens Giambroni

O Eco - Doppler é obrigatório para a indicação e Planejamento da Cirurgia de varizes?

15:55 – Palestrante: Maria de Lourdes Seibel
16:05 – Debatedora: Carmem Lucia Lascasas Porto

16:10 – Discussão

16:45 – Doença Arterial Obstrutiva Periférica

Presidente: João Florêncio Palmeira
Moderador: Marcio Arruda Portilho
Secretário: Felipe Borges Fagundes

Diagnóstico e abordagem clínica da claudicação intermitente
16:50 – Palestrante: Mario Bruno Lobo Neves

17:00 – Debatedor: Renato Maranhão de Albuquerque

Terapia endovascular – a primeira escolha na intervenção do território aorto-ilíaco

17:05 – Palestrante: Felipe Francescutti Murad
17:15 – Debatedor: Fabio de Almeida Leal

Impacto na sobrevida e no risco cirúrgico do paciente portador de DAOP

17:20 – Palestrante: Luiz Antônio de Almeida Campos
17:30 – Debatedora: Alda Candido Torres Bozza

Tratamento endovascular do território femoro-poplíteo: TASC x Prática clínica

17:35 – Antônio Vieira de Melo
17:45 – Debatedor: Adilson Toro Feitosa

Revascularização do território infra-patelar: estado da arte

17:50 – Palestrante: Julio César Peclat de Oliveira
18:00 – Debatedor: Bernardo Massieri

18:05 – Discussão

domingo, março 15, 2009

Doença arterial das pernas e exercício

A Claudicação intermitente, dor na perna ao andar certas distâncias, é causada por doença do sistema arterial: "má circulação" que não permite a chegada do sangue aos músculos das pernas. O exercício de caminhar exige mais sangue para os músculos e, quando há entupimento ou estreitamento severo das artérias, a quantidade de sangue que chega a esses músculos é insuficiente. O resultado é a dor muscular intensa que obriga a pessoa a parar. Depois de uma parada de poucos minutos a dor alivia e retornará quando o portador da doença arterial andar novamente.
Pois bem, o tratamento inicial desse problema é o exercício supervisionado. Assim recomenda o TASC II ( TransAtlantic Inter-Society Consensus).
Entretanto, a revascularização endovascular para corrigir este problema está sendo cada vez mais usada em decorrência de seus resultados benéficos imediatos.
A Dra. Sandra Spronk, PhD, do Laboratório Vascular do Hospital Ikazia (Rotterdam, Holanda), publicou estudo randomizado comparando sucesso clínico, capacidade funcional e qualidade de vida durante 12 meses de acompanhamento pós cirurgia de revascularização endovascular e exercício supervisionado em pacientes com claudicação intemitente. O trabalho foi assim desenvolvido:
  • 151 pacientes consecutivos com sintomas de claudicação intermitente atendidos entre setembro de 2002 a setembro de 2005.
  • Foram randomicamente divididos em dois grupos: 76 submetidos ao tratamento cirúrgico endovascular (angioplastia) e 75 ao exercício hospitalar supervisionado.
Conclusões:
  1. Sucesso imediato foi verificado nos pacientes submetidos ao procedimento cirúrgico endovascular.
  2. Após 6 e 12 meses os benefícios foram iguais em ambos os grupos.
Veja mais detalhes do estudo em Medscape Medical News

sexta-feira, novembro 28, 2008

496ª Reunião Científica da SBACV-RJ

Em 27 de novembro de 2008 foi realizada a 496ª Reunião Científica da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular da Regional do Rio de Janeiro, no Centro de Convenções do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Essas reuniões ocorrem mensalmente e fazem parte do aprimoramento científico dos membros da SBACV. São eventos bem frequentados e que revelam o alto nível técnico-científico dos nossos especialistas. Nesta reunião foram apresentados e discutidos os temas abaixo:

Tema I:“Churg-Strauss, Relato de Caso

Serviço: Angiologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto – HUPE

Autores:
Drs.: Marília Brandão Panico, Márcia Maria Ribeiro Alves, Carmen Lucia
Lascasas Porto, Juliana Miranda, Gabriela Volponi, Ranieri Parrilli.

Debatedores:. Drs.: Alda Candido Torres Bozza, Antonio Carlos D.G. Mayall e Marcos Arêas Marques.


Dra. Juliana Miranda, do Serviço de Angiologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto - relatora do Tema I










Dr. Rafael Belhan Steffan, do Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital do Fundão - relator do Tema II



Tema II: “Tratamento endovascular da estenose arterial pós-transplante renal no HUCFF/UFRJ

Serviço: Cirurgia Vascular Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – UFRJ.

Autores: Drs. Steffan Rafael Belhan,
Silva Luís Felipe, Fernandes André Luiz, Marinho Ana Cristina de
Oliveira, Fonseca José Luiz Telles, Farjoun Luciana Moura, Luccio
Giovanni Menichelli, Duarte Pedro Vaz, Vieira Breno Fonseca, Amorim
Júlio Diniz, Faria Fernando Thomaz, Filippo Márcio Gomes.

Debatedores:. Drs.: Fabio Cypreste, Felipe Murad e Sergio S. Leal de Meirelles.



Dr. Júlio Diniz Amorim, do Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital do Fundão - relator do Tema III



Tema III
: “Autotransplante renal para tratamento de hipertensão renovascular associada a arterite de Takayasu


Serviço: Cirurgia Vascular Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – UFRJ.

Autores: Drs. Amorim Júlio Diniz, Silva Luís Felipe, Fernandes André Luiz, Marinho Ana Cristina de Oliveira, Fonseca José Luiz Telles, Farjoun Luciana Moura, Luccio Giovanni Menichelli, Vieira Breno Fonseca, Steffan Rafael Belhan, Faria Fernando Thomaz, Filippo Márcio Gomes.

Debatedores:. Drs.: Carlos Peixoto, Helen Cristian Pessoni e Hermógenes Petean Filho.

terça-feira, agosto 19, 2008

Tabagismo e Clopidogrel


The Association of Cigarette Smoking With Enhanced Platelet Inhibition by Clopidogrel

O uso do Clopidogrel em nossos pacientes portadores de patologias arteriais e especialmente naqueles que foram submetidos a procedimentos de revascularização - endovascular ou aberta - parece ter os seus efeitos alterados pela manutenção do tabagismo. É o que parece nos mostrar o estudo acima.

quarta-feira, maio 28, 2008

Diabetes mellitus: uso de ácido acetilsalicílico (AAS)

Faz parte de nosso rotina clínica a prescrição do AAS enquanto antiagregante plaquetário. O conteúdo da Diretriz abaixo é muito relevante e pertinente. Transcrevi do site www.projetodiretrizes.org.br

Revista da Associação Médica Brasileira

Rev. Assoc. Med. Bras. vol.51 no.4 São Paulo July./Aug. 2005

Diabetes mellitus: uso de ácido acetilsalicílico (AAS)

Josivan Gomes de Lima; Lucina Teixeira de Góis; Lúcia Helena Coelho Nóbrega
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

Graus de recomendação e força de evidência

A: Estudos experimentais e observacionais de melhor consistência.

B: Estudos experimentais e observacionais de menor consistência.

C: Relatos de casos (estudos não controlados).

D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais.

Objetivos

Caracterizar o uso do ácido acetilsalicílico (AAS) na prevenção primária de eventos cardiovasculares em pacientes diabéticos; caracterizar o uso do AAS na prevenção secundária de eventos cardiovasculares em pacientes diabéticos; sistematizar, sob o ponto de vista de aplicação prática, a
utilidade do AAS no manuseio do risco cardiovascular do paciente com diabetes mellitus.

Conflito de interesse

Nenhum conflito de interesse declarado.

Introdução

Diabetes mellitus é associado com grande aumento da prevalência de doença arterial coronariana. As complicações cardiocirculatórias representam a maior causa de morbidade e mortalidade nestes pacientes, sendo o risco de mortalidade por doença cardiovascular três vezes maior em homens
diabéticos sem outros fatores de risco1(B).

Plaquetas de homens e mulheres com diabetes são freqüentemente hipersensíveis in vitro a agentes agregantes plaquetários2(D). Com a lesão endotelial, causada principalmente pelo mau controle
glicêmico e dislipidemia, existem alterações na coagulação do diabético como aumento dos fatores VII e VIII, Von Willebrand, fibrinogênio, PAI-1, maior agregação e adesividade plaquetária. O AAS inibe
irreversivelmente a via da cicloxigenase do metabolismo do ácido aracdônico, bloqueando a síntese do tromboxane, resultando na inibição da agregação plaquetária
. Em altas doses (>325 mg/dia), o AAS pode apresentar um efeito paradoxal, porque ele também inibe a síntese da
prostaciclina nas células endoteliais e plaquetas, que pode favorecer a formação de trombos
. Isto é importante para pacientes diabéticos, porque os níveis de prostaciclina são reduzidos.

Meta-análises, prévias, de estudos randomizados têm mostrado que a terapia antiplaquetária previne sérios eventos vasculares, oclusão arterial e tromboembolismo venoso3(A).

Um paciente diabético que nunca teve eventos cardiovasculares se beneficia com o uso de aas (prevenção primária)?

Diabetes mellitus está associado com o risco de doença coronariana fatal, que é tão alto quanto o risco de pacientes infartados sem diabetes4(B). Ainda não há um estudo sistemático que demonstre se a terapia profilática do AAS reduz o risco de evento coronariano em pacientes com diabetes. No Physicians Health Study, AAS reduziu o risco de IAM em pacientes com diabetes (RR=0,39) durante cinco anos de seguimento e nenhuma interação com o tratamento do diabetes foi notada5(A).

No Early Treatment Diabetic Retinopathy Study, um estudo randomizado envolvendo 3.711 pacientes, com diabetes e retinopatia, o infarto do miocárdio tendeu a ser menos freqüente em sujeitos que usaram 650 mg de AAS por dia quando comparados aos que receberam placebo6(A). AAS não ofereceu nenhum efeito na progressão da doença ocular6(A). Nesse estudo, 48% dos pacientes tinham apresentado algum evento cardiovascular, sendo considerado então um estudo misto de prevenção primária e secundária.

O Primary Prevention Project avaliou o uso de AAS 100 mg ao dia em indivíduos com hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes e história familiar de IAM prematuro, demonstrando uma significativa freqüência menor de morte e eventos cardiovasculares nos pacientes não diabéticos. No subgrupo dos diabéticos, não houve melhora7(A).

O HOT (Hypertension Optimal Treatment) avaliou pacientes de prevenção primária, porém de alto risco para evento cardiovascular. O uso do AAS (75 mg/dia) resultou em redução de eventos cardiovasculares e em infarto do miocárdio em cerca de 15% a 36%, respectivamente8(A).

Com base em todos esses estudos, recomenda-se o uso de AAS como estratégia de prevenção primária em pacientes diabéticos classificados como tendo alto risco para evento cardiovascular, ou seja, aqueles que apresentam história familiar de doença arterial coronariana, tabagismo, hipertensão, peso maior que 120% do ideal, albuminúria e/ou colesterol total maior que 200 mg/dl.

Qual é o benefício que o uso do AAS pode trazer para um paciente diabético
que já apresentou algum evento cardiovascular (prevenção secundária)?

Duas grandes meta-análises de estudos de prevenção secundária têm concluído que o AAS protege os pacientes com alto risco de eventos, entre eles diabéticos3,9(A). Uma dessas meta-análises avaliou mais de 287 estudos de prevenção secundária envolvendo 212.000 pacientes com doença vascular aguda ou outras condições que aumentam o risco de oclusão vascular3(A). Embora a incidência de eventos cardiovasculares seja maior em pacientes com diabetes mellitus, o benefício da terapia antiplaquetária em diabéticos e não diabéticos foi comparável: 42 eventos vasculares foram prevenidos para cada 1.000 pacientes diabéticos e 35 eventos para cada 1.000 não diabéticos. Há
uma tendência a uma maior proteção com doses entre 75 e 162 mg/dia9(A).

Qual é a menor dose eficaz de AAS?

Em estudos de prevenção primária, a dose de AAS usada variou de 75 a 500 mg uma vez ao dia. Não há estudo de prevenção primária que compare várias doses diferentes. Dose baixa de AAS como 100 a 75 mg ao dia tem sido sugerida como mais efetiva que altas doses, pois inibe menos a prostaciclina e causa menos toxicidade gastrointestinal3(A). Estudos totalizando 3.570 pacientes em uso de AAS compararam doses menores que 75mg/dia ou maiores que 75mg/dia; não houve diferença significante entre os diversos regimes3(A). Contudo, doses menores que 75 mg/dia não são disponíveis comercialmente, sendo pouco utilizadas.

É seguro tomar AAS?

O maior risco da terapia com AAS é a lesão da mucosa gástrica e hemorragia digestiva alta. O AAS aumenta o risco relativo de sangramento gastrointestinal. As apresentações entéricas não parecem
diminuir esse risco10(A). É importante reconhecer que não há um aumento no risco de sangramento retiniano e vítreo em terapia com AAS6(A). Devemos lembrar que pacientes com alergia ao AAS, com tendência a sangramentos, em terapia anticoagulante, com sangramento gastrointestinal recente e/ou com doença hepática ativa não são bons candidatos para o uso do AAS. Além disso, pacientes com menos de 21 anos têm risco maior para síndrome de Reye11(C).

Referências

1. Stamler J, Vaccaro O, Neaton JD, Wentworth D. Diabetes, other risk factors, and 12-yr cardiovascular mortality for men screened in the Multiple Risk Factor Intervention Trial. Diabetes Care 1993; 16:434-44.

2. Colwell JA, American Diabetes Association. Aspirin therapy in diabetes. Diabetes Care 2004; 27 (Suppl 1):S72-3.

3. Antithrombotic Trialists' Collaboration. Collaborative meta-analysis of randomized trials of antiplatelet therapy for prevention of death, myocardial infarction, and stroke in high risk patients. BMJ 2002; 324:71-86.

4. Haffner SM, Lehto S, Ronnemaa T, Pyorala K, Laakso M. Mortality from coronary heart disease in subjects with type 2 diabetes and in nondiabetic subjects with and without prior myocardial infarction. N Engl J Med 1998; 339:229-34.

5. Physician's health study: aspirin and primary prevention of coronary heart disease. N Engl J Med 1989; 321:1825-8.

6. ETDRS Investigators. Aspirin effects on mortality and morbidity in patients with diabetes mellitus. Early treatment diabetic retinopathy study report 14. JAMA 1992; 268:1292-300.

7. Sacco M, Pellegrini F, Roncaglioni MC, Avanzini F, Tognoni G, Nicolucci A, et al. Primary prevention of cardiovascular events with low-dose aspirin and vitamin E in type 2 diabetic patients: results of
the Primary Prevention Project (PPP) trial. Diabetes Care 2003; 26:3264-72.

8. Hansson L, Zanchetti A, Carruthers SG, Dahlof B, Elmfeldt D, Julius S, et al. Effects of intensive blood-pressure lowering and low-dose aspirin in patients with hypertension: principal results of the Hypertension Optimal Treatment (HOT) randomised trial. HOT Study Group. Lancet 1998; 351:1755-62.

9. Collaborative overview of randomized trials of antiplatelet therapy-I: Prevention of death, myocardial infarction, and stroke by prolonged antiplatelet therapy in various categories of patients. Antiplatelet trialists' collaboration. BMJ 1994; 308:81-106.

10. Garcia Rodriguez LA, Hernandez-Diaz S, de Abajo FJ. Association between aspirin and upper gastrointestinal complications: systematic review of epidemiologic studies. Br J Clin Pharmacol 2001; 52:563-71.

11. Thabet F, Durand P, Chevret L, Fabre M, Debray D, Brivet M, et al. Severe Reye syndrome: report of 14 cases managed in a pediatric intensive care unit over 11 years. Arch Pediatr 2002; 9:581-6.



segunda-feira, dezembro 10, 2007

Implante de Cateter de longa permanência

O implante de cateter venoso é um procedimento vital para os pacientes que necessitam de uma via de acesso permanente ou de longa duração para as mais diferentes finalidades terapêuticas. A hemodiálise, as necessidades de infusões contínuas e quimioterapia de longa duração são as situações onde mais freqüentemente se lança mão dos cateteres implantáveis.

A cobrança de material e honorários médicos das operadoras de planos de saúde continua muito confusa, tendo em vista a multiplicidade de tabelas e a falta de uniformidade objetiva na descrição dos procedimentos

A tabela abaixo descreve os diferentes procedimentos envolvendo colocação e retirada de cateteres para acesso intravasculares


Procedimento

CBHPM

AMB 92

AMB 90

Implante cirúrgico cateter longa permanência para hemodiálise

3.09.09.07-4

15.01.007-4 e 39.03.016-4


15.01.007-4 e 15.02.013-4


Implante por punção de cateter para hemodiálise

3.09.09.08-2

39.03.016-4


Retirada cir. cateter longa permanência - hemodiálise

3.09.09.10-4



Retirada de cateter para hemodiálise

3.09.09.11-2



Punção venosa prof. ou dissecção/colocação cateter

3.09.13.06-3

39.03.016-4

39.03.009-1

Dissecção de veia com colocação de cateter venoso

3.09.13.09-8

39.03.001-6

39.03.001-6

Radioscopia

4.08.11.02-6

32.11.002-2

32.11.002-2

Flebografia por punção venosa unilateral (*)

4.08.12.09-0


32.12.005-2

Colocação de cateter venoso central/portocath

4.08.13.23-1

39.03.016-4


Implantação cateter duplo J



56.04.035-0

Normalmente deve constar na guia de cobrança:

1. Um dos procedimentos que mais se assemelhe ao que o cirurgião está realizando

2. A Radioscopia

3. (*) – A Flebografia não é realizada rotineiramente. Pode ser necessária em algumas situações especiais e precisa ter sua justificativa explicitada na descrição do procedimento. Caso contrário pode ter o seu pagamento glosado.